quinta-feira, 26 de junho de 2014

avó

minha avó, aos oitenta e três, deu para revolver histórias do passado. decidiu adotar um amontoado de cobertas ora como filhinho, ora como uma infinita pilha de roupas sujas. suas mãos nunca aquecem pois há uma semana minha avó furou um poço e tem buscado no subterrâneo as forças para sobreviver.

pois quem se negou a aceitá-la foi quem sofreu e quem se recusa a curvar sobre suas vontades é quem é silenciado. minha avó reassumiu seu posto de matriarca da nossa pequena família, rainha do seu quintal, sábia e poderosa professora sobre a vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário