domingo, 8 de outubro de 2017

imigração


tenho acordado muito cedo todos os dias, por conta do novo trabalho. para alguém como eu, cada despertar dentro de uma rotina e de um esquema determinado de tarefas é algo entre o Desespero e a Vitória. também tenho tido o privilégio de: beijar por três dias inteiros o homem por quem estou apaixonado, ouvir os pássaros e sentir nas pernas o profundo frio que até por estes lados tem tomado o meu corpo.

o sol é a estrela central do sistema solar. todos os outros corpos do sistema solar, como planetas, planetas anões, asteroides, cometas e poeira, bem como todos os satélites associados a estes corpos, giram ao seu redor. responsável por 99,86% da massa do sistema solar, o sol possui uma massa trezentos mil vezes maior que a da terra, e um volume um milhão e trezentas mil vezes maior que o do nosso planeta e eu sinto frio. sou pequeno e ainda assim sigo vivo e minha vida é boa. (a beleza da contradição e de saber que estou tão longe do sol e tão próximo dele.)

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meu templo foi construído em cima de um mangue. minha Casa é uma pilha de sal atlântico.
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eu preciso enfrentar a paura de dormir e me entregar para o inabitado em mim. sobretudo preciso entender o que faz a falta de Casa sobre meu coração, este vício incontrolável pela rua e também estes rizomas. estes rizomas.

(gustavo me diz que não é razoável não enfrentar meu sono, eu digo que concordo e meus olhos ardem de sono e sinto cansaço. ele se cobre de azul e tudo é tão bom e quente. ainda assim eu passei cinco horas na imigração e vi tantas pessoas tristes e fora de casa.)