expande e toma conta

marcos,

hoje ganhei uma canção de presente, era uma do gonzaguinha (eu só conhecia o refrão, vou te cantar dia desses na varanda). estava ouvindo deitado aqui no escuro, debaixo das cobertas. senti um peso entrando no meu peito como quando a gente usa aqueles produtos químicos que se aplica com um bico e lá dentro a espuma expande, ocupa todos o vazio e solidifica. gonzaguinha me faz pensar muito na ditadura civil militar. marcos, você acha que é possível sentir as dores da História? eu olhei pro teto ouvindo aquele menino cantar e eu senti guerrilha. doeu demais.

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no meu barco está muito frio, parece que estamos no inverno mais severo dos últimos anos. esse ano em londres, marcos, eu também passei pelo inverno mais gelado das últimas sei lá quantos décadas. cinco décadas, acho que foi isso. este ano tive tantos invernos seguidos..

pede calmaria

já tive muitos cantos nesta vida, de alívios e ser-só, já tive tantos.
este é o primeiro, no entanto, que é canto em voz alta ou canto-iluminado. é canto que pede calmaria.

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my poor johny dormir eu disse já disse que perdoo tua mãe perdoa agora jhony está me ouvindo johny está me ouvindo when i say do you hear me yes johny do you do you do
(paulo leminski)

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quando eu era criança, meu pai tentou me ensinar a fazer e desfazer nó de marinheiro e eu não aprendi. meu irmão militar, anos depois, tentou me ensinar outra vez durante uma viagem e nada. quem diria que a marujada me ensinaria da pior de todas as formas a atar nós?